PRÓLOGO


     O lendário espelho Rorrim. Um espelho antigo, de beleza e proporções únicas, em que fora esculpido todo o mapa de Runária. Um artefato raro e valioso que mostrava a biografia do próprio mundo em si, desde a divisão inicial das raças até o agrupamento de todas elas.

      Histórias e mais histórias poderiam ser contadas sobre a sua criação e a conseqüente formação do Conselho Superior da Terra das Runas, órgão responsável pela sua guarda; mas essas histórias não eram importantes, não naquele momento. O que de fato importava era o que Rorrim revelava: inquietação, angústia e sofrimento. Tudo refletido na imagem desolada da mulher que o admirava pela última vez.

     A figura de um homem também era perceptível, e o seu pesar, evidente. Sua armadura brilhante, alheia às coisas mundanas, contrastava com o ar fúnebre do ambiente. Com alguma dificuldade, o guerreiro sussurrou:

     – Vossa Majestade, já está na hora de partirmos.

     A mulher suspirou, acordando de um sonho distante onde o seu marido ainda estava vivo.

     – Só mais um minuto, Julius – disse ela e voltou-se para o espelho. – Só mais um minutinho.

     O guerreiro ficou em silêncio, era o bastante. Tinha certeza de que a rainha conhecia suas obrigações.

     – Ah, e só mais uma coisa – acrescentou ela, ajeitando seu longo vestido. – Quantas vezes eu já MANDEI você me chamar de Estella?

     – Contando com essa? – raciocinou o guerreiro. – Três mil, quatrocentos e vinte e uma, Vossa Maj... quero dizer, Estella.

     A mulher esboçou um leve sorriu, apesar de ainda estar triste. Conversar com Julius era a única coisa que a mantinha firme naqueles dias difíceis.

     – Vamos – falou a rainha Estella, depois de memorizar o mapa de Runária. – É chegada a hora de enterrar o Rei Superior.

     – Certo, avisarei o mestre de cerimônias – e Julius, com uma reverência, retirou-se dos aposentos reais.



Confira o CAPÍTULO I.


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Autor: Thiago Neves.
Adaptação:
Revisão: Isie Fernandes. 
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